Localizado na área de Vila Verde, a cafetaria oferece uma boa variedade de cafés a preços acessíveis e funciona também como uma minibiblioteca. Grupo responsável pelo negócio pretende promover a leitura através do “ativismo literário”.
Com o intuito de valorizar o café local e estimular hábitos de leitura, um grupo de jovens de Díli decidiu abrir uma cafetaria que funciona também como uma minibiblioteca: Komunál Kafé. O aconchegante espaço funciona na região de Vila Verde, perto da Rotunda (ao lado da Catedral de Díli) e está aberto todos os dias das 8:30 à meia-noite.
Quem visita o Komunál Kafé encontra uma considerável variedade de bebidas de cafetaria a preços acessíveis. Um expresso simples custa apenas 75 centavos. Lattes, cappuccinos ou outras variações mais elaboradas podem chegar aos 2 dólares. Há também no espaço uma boa quantidade de livros.
Constantino de Jesus, 25 anos, é o gerente. Em conversa com o Diligente, explicou que o nome – Komunál Kafé – tem o objetivo de mostrar que o espaço é aberto para todos os cidadãos. “É o lugar onde os jovens podem discutir sobre os problemas que afetam o país. Aqui, todos os interesses e pensamentos podem ser discutidos. Também podem comentar ou explicar os livros que já leram. Queria dizer que este lugar é uma escola informal, na qual podemos todos aprender e ensinar”, detalhou.
A cafetaria foi criada por cinco jovens que arrendaram o espaço. “Não pretendemos apenas obter lucro, queremos também encorajar as pessoas a ler. A leitura estimula o pensamento crítico e a criatividade”, observou Constantino de Jesus. Segundo o jovem, a ideia é de que o espaço seja um local para a promoção do que ele chamou de “ativismo literário”. Doações de livros, em qualquer língua, são bem-vindas, informou Constantino de Jesus.
O gerente acrescentou ainda que, embora o Komunal Kafé tenha a intenção de que os visitantes utilizem os livros, ninguém no espaço é obrigado a ler. “Escrevemos frases nos quadros para motivar os clientes a pegar num exemplar, por exemplo: ‘Venham ler livros aqui, a ignorância nunca ajuda uma pessoa’. Também recebemos pessoas que querem vir cá apenas para ler”, disse Constantino de Jesus.
Numa sala anexa à cafetaria, o jovem e os colegas vão oferecer formações sobre técnicas de leitura e de interpretação de textos, onde a Associação Força Maubere Advocacia também garante serviços gratuitos de advocacia, informando e aconselhando quem não consegue pagar a advogados. A intenção é de que as formações se estendam a diferentes áreas do conhecimento no futuro. “O que nos inspira é o nosso sonho de usar este espaço para o bem comum”, afirmou Constantino de Jesus.
Café e livros, “uma combinação perfeita”
A iniciativa tem atraído a atenção de vários jovens. Eldiano da Costa, 25 anos, ativista dos direitos humanos, partilhou a sua experiência enquanto cliente da cafetaria. “Fiquei curioso quando ouvi falar do Komunál Kafé e hoje vim cá para ter um encontro com meus amigos. Isto é uma vantagem para os jovens poderem beber café e ler. É algo essencial, num país onde os níveis de literacia são baixos. Acho que esta iniciativa é um bom exemplo para outras cafetarias”, exaltou.
Por sua vez, Odino da Costa, 36 anos, voluntário na Associação HAK (organização que defende os direitos humanos), elogiou o ambiente do espaço. “Ler e beber café é uma combinação perfeita. O ambiente é silencioso e confortável, ideal para a leitura. Vim aqui para um encontro e sugerimos ao dono promover discussões sobre os problemas do país, como a questão LGBTQIA+, educação, saúde, entre outros. A cultura dos livros precisa de ser promovida em Timor-Leste”, observou.