Juventude Hadomi Natureza desafia obstáculos para preservar o ambiente em Timor-Leste

“Uma das experiências mais desmotivadoras que tivemos foi quando pedimos apoio para a criação de viveiros. Os funcionários do ministério perguntaram-nos se tínhamos 'alguém de dentro' para nos ajudar. Isso é desanimador”, /Foto: Diligente

Com uma voz firme e convicta, Grazina da Conceição lidera uma geração de jovens que combate a degradação ambiental em Timor-Leste. Entre florestas ameaçadas, comunidades desinformadas e falta de apoio estatal, a JHN continua a plantar esperança onde muitos só veem obstáculos.

Criada em 2014, a Juventude Hadomi Natureza é uma organização juvenil que tem desenvolvido atividades como plantações de árvores, caminhadas ecológicas, visitas a grutas e intercâmbios culturais. Em entrevista ao Diligente, Grazina critica a falta de compromisso do Governo com a preservação ambiental e denuncia a prática do nepotismo na administração pública, que prejudica jovens empenhados em causas ambientais.

A jovem apela à ação coletiva em defesa do meio ambiente e convida os jovens a participarem no acampamento nacional que terá lugar em julho. O evento pretende promover o amor e o cuidado pela natureza e despertar consciências para a urgência de proteger o planeta.

Quais foram os motivos que levaram à criação da Juventude Hadomi Natureza e que principais projetos e atividades têm desenvolvido desde então?

A Juventude Hadomi Natureza é uma organização da sociedade civil criada em 2014, dedicada à causa ambiental. Foi iniciada com 25 membros e tem como principal objetivo educar os jovens a amar a natureza e a cultivar o espírito de nacionalismo e patriotismo.

Atualmente, a Juventude Hadomi Natureza desenvolve quatro programas principais, sendo o mais relevante o da espeleologia, que consiste na exploração de grutas com potencial turístico. Sabemos que Timor-Leste tem muitas grutas ainda desconhecidas pela maioria da população. Contamos já com 25 membros especializados na sua exploração, com formação na Indonésia. Esta área é bastante desafiante, mas os membros da JHN já exploraram cinco grutas localizadas em Lospalos, Ermera, Ainaro, Viqueque e Baucau. No entanto, essas grutas ainda não foram divulgadas, pois não conseguimos estabelecer parcerias com o Governo, devido à sensibilidade do tema e à existência de recursos naturais nessas zonas. Por isso, estamos apenas a documentá-las e a guardar essas informações como parte do nosso arquivo.

Além disso, temos uma divisão dedicada ao montanhismo, onde ensinamos os jovens a escalar montanhas. Muitas pessoas pensam que esta atividade se resume a acampar, aproveitar o momento e passar a noite na floresta, regressando no dia seguinte. Mas a JHN vai mais longe: ensinamos os jovens a encontrar formas de sobrevivência na floresta. Quando participam em trilhos ou acampamentos e se perdem, precisam de saber como sobreviver até encontrarem o caminho de volta. Por isso, damos formação sobre como gerir riscos ao entrar em zonas florestais. Hoje em dia, muitos jovens gostam de subir montanhas como o Ramelau ou o Kablaki, mas ainda não têm noções básicas de preparação que são essenciais antes de partir.

Temos também uma divisão sociocultural, onde incentivamos os jovens a pesquisar sobre a nossa história, cultura, identidade e línguas dos diferentes municípios. Investigamos os nossos valores culturais, os costumes e os objetos culturais existentes nas comunidades.

A quarta divisão é a de atendimento ambiental, que se dedica diretamente à conservação e preservação do meio ambiente. Este departamento tem como foco principal a formação de carácter. Não nos limitamos a ensinar jovens e comunidades a fazer limpezas ou a plantar árvores — também os educamos sobre como proteger e conservar o ambiente de forma sustentável, com impacto na economia local. A nossa participação em limpezas é reduzida, porque já existem muitos grupos a atuar nesse campo. Por isso, concentramo-nos mais na formação de competências e valores, ensinando sobre gestão de resíduos, reflorestação e monitorização do crescimento das árvores plantadas.

Fazemos este trabalho porque enfrentamos frequentemente desastres naturais, como erosões e secas. Nas zonas montanhosas, as árvores estão a desaparecer porque as pessoas as cortam para vender. Por isso, formamos os jovens para que possam depois informar as suas comunidades sobre a importância da reflorestação e da proteção ambiental.

Atualmente, também estamos a preparar jovens na área do mergulho e da conservação marinha. Apesar de já existirem vários grupos com experiência na conservação da biodiversidade marinha, a JHN está a planear colaborações com esses grupos para reforçar essa área de atuação.

Qual é, na sua opinião, o papel do Governo na proteção ambiental? E o que espera da sociedade civil e dos cidadãos neste esforço coletivo?

A primeira entidade que deve assumir a responsabilidade de proteger o meio ambiente é o próprio Governo. Já foram aprovados vários decretos-lei sobre a proteção ambiental, que incluem o dever do Estado de criar diretrizes, gerir e monitorizar os recursos naturais, bem como divulgar as leis junto das comunidades. O Governo também lançou programas como o Tara Bandu. No entanto, estas medidas ainda não estão a ser implementadas de forma eficaz. Na prática, as pessoas continuam a cortar árvores ilegalmente e a queimar terrenos de forma descontrolada, o que contribui para a destruição das nascentes de água.

Atualmente, temos brigadas ambientais e guardas florestais, mas mesmo assim o desmatamento e as queimadas ilegais continuam a acontecer. De quem é a responsabilidade? Isto acontece porque esses serviços não estão a ser executados com a eficácia e o empenho necessários. Colocamos pessoas para fiscalizar, mas, sem uma alocação adequada de fundos e sem incentivos, torna-se difícil garantir um controlo rigoroso e contínuo.

Existem muitas organizações que trabalham em prol do ambiente, mas a maioria enfrenta grandes dificuldades para conseguir financiamento — é o caso da própria Juventude Hadomi Natureza. Dedicamos o nosso tempo à causa ambiental e já submetemos várias propostas a diferentes ministérios. No entanto, muitas vezes recebemos respostas como “não há orçamento disponível” ou “o programa não se enquadra nas metas anuais”. Isso representa um grande obstáculo para as organizações que continuam, com esforço, a lutar pela conservação ambiental.

Neste momento, estamos também a apostar na formação de carácter dentro das comunidades, com o objetivo de as encorajar a juntar-se a nós nesta causa. Já começamos a ver sinais positivos — algumas comunidades estão a colaborar ativamente connosco — e temos esperança de que essa cooperação continue a crescer, para que possamos garantir um ambiente saudável e sustentável para todos.

O grupo tem vindo a promover ações de sensibilização junto das comunidades. Que estratégias têm usado para aumentar a consciência pública sobre a importância da ecologia e da defesa da natureza?

A JHN tem vindo a desenvolver a sua própria estratégia para abordar as questões ambientais. Neste momento, começámos a redigir cartas-proposta dirigidas ao Governo, solicitando mudas de árvores de fruto — como tamarindo, manga, durião, abacate, entre outras — para podermos plantar nas comunidades. Antes da plantação, fazemos sempre uma sessão de sensibilização, durante a qual explicamos os diferentes tipos de árvores e os seus benefícios. O objetivo é que a comunidade compreenda o valor dessas espécies e se sinta motivada a cuidar delas, com a perspetiva de que, no futuro, poderá colher e consumir os seus frutos.

Outra estratégia que temos usado é a formação. Em Díli, por exemplo, realizámos campanhas porta a porta, visitando as casas para divulgar informação sobre a importância da preservação ambiental. Nos municípios, reunimos as pessoas num único local e partilhamos conhecimentos sobre a gestão de resíduos e a proteção das florestas. Procuramos adaptar a abordagem ao contexto de cada comunidade, para garantir que a mensagem seja compreendida e tenha impacto.

Sabemos que a Juventude Hadomi Natureza tem percorrido várias regiões do país para explorar e valorizar a beleza natural de Timor-Leste. Como descreve essas experiências? Que aspetos positivos e que ameaças encontraram?

Pessoalmente, não participei nas caminhadas por todo o território de Timor, mas os nossos membros mais antigos — que estiveram na fundação da organização — juntamente com elementos da segunda e terceira geração, partilharam muitas das experiências vividas. Dizem-nos que, quando apenas imaginamos Timor, pensamos que é bonito, mas para conhecer verdadeiramente a sua beleza é preciso sair do caminho fácil: caminhar pelo mato, subir e descer montanhas, sair das estradas principais, passar pelas comunidades e pelas zonas costeiras. Foi assim que descobriram que Timor-Leste tem uma riqueza natural extraordinária.

Contam-nos que encontraram árvores cujos troncos podem ser usados para fabricar móveis, como mesas e cadeiras, e identificaram uma grande diversidade de animais — incluindo espécies que muitos já esqueceram, mas que continuam a existir em número significativo. Recolhemos dados sobre tudo isso, mas não os divulgamos publicamente, porque pertencem ao arquivo interno da organização.

Durante essas caminhadas pelas comunidades, percebemos também que muitas populações das zonas rurais continuam muito vulneráveis em termos de acesso à informação e à infraestrutura básica, como estradas e eletricidade. Algumas estão tão isoladas que nem sequer conseguem aceder a ambulâncias para transportar doentes. Ao percorrer Timor, confirmámos que há muitas comunidades que ainda carecem de serviços essenciais e que precisam de atenção urgente por parte do Governo.

O nosso objetivo principal é conhecer e valorizar melhor a natureza do nosso país. Identificámos muitos locais com grande potencial para ações de conservação, como a plantação de árvores e a proteção de espécies selvagens — em Lospalos, Baucau, Viqueque, Ermera, Maubisse, entre outros. No entanto, muitos destes locais continuam a não receber qualquer atenção por parte do Estado. Sempre que visitamos um município, pensamos: se o Governo nos cedesse um espaço, poderíamos criar um jardim zoológico nacional onde fossem acolhidas espécies protegidas. Seria um espaço educativo, onde a população pudesse conhecer a biodiversidade do país, mas também um destino turístico.

Na nossa perspetiva, a zona com maior potencial para acolher esse jardim zoológico é uma área de Liquiçá. Temos dialogado com as autoridades locais e as comunidades para apresentar esta ideia, mas ainda não obtivemos resultados concretos. Fazer chegar estas propostas aos ministérios tem sido muito difícil, e o principal obstáculo que enfrentamos é a burocracia interna.

Uma das experiências mais desmotivadoras aconteceu quando solicitámos apoio para obter mudas de árvores em viveiros. Os funcionários do ministério perguntaram-nos se tínhamos “alguém de dentro” para nos ajudar. Isso destrói o espírito dos jovens que querem contribuir para a conservação ambiental. Mesmo assim, continuamos a motivar-nos uns aos outros, lembrando que não podemos perder a esperança e que devemos continuar a lutar, com perseverança.

O que considera essencial fazer para garantir a sustentabilidade ambiental a médio e longo prazo no país?

A maioria da população que vive em zonas montanhosas depende da agricultura para sobreviver. Ao percorrermos essas regiões, observamos que muitas árvores são cortadas pelas comunidades para que possam cultivar nas suas terras. Algumas pessoas cortam para vender a madeira, outras queimam o solo de forma descontrolada. Estas práticas fazem parte do quotidiano de muitas famílias nas áreas rurais.

Mas estas situações não se limitam aos municípios do interior — também acontecem em Díli, em zonas como Lahane, Manleu, Hera e outras. Estas ações contribuem diretamente para o aumento de desastres naturais: ocorrem deslizamentos de terra, nascentes secam e os animais selvagens perdem os seus habitats.

Por isso, é fundamental que a própria população tome a iniciativa de proteger o meio ambiente. É essencial evitar o abate desnecessário de árvores, pôr fim às queimadas descontroladas e apostar na plantação de árvores. Só assim poderemos garantir, no futuro, um ambiente saudável e continuar a respirar um ar limpo e puro.

O Governo tem vindo a dar maior visibilidade ao conceito de Economia Azul. Qual é a sua visão sobre esta abordagem? Acredita que está a ser implementada com responsabilidade ambiental?

Durante a comemoração do Dia Mundial dos Oceanos, o Governo organizou uma semana de sensibilização sobre o conceito de Economia Azul, destacando que esta começa nas montanhas e se estende até ao mar. Foram feitas recomendações às comunidades para plantarem árvores, melhorarem a gestão dos resíduos, evitarem a destruição dos recifes de coral e não matarem espécies protegidas.

No entanto, partilhar informações não basta para resolver estes problemas. É necessário que o próprio Governo tome medidas concretas. Por exemplo, o programa nacional de limpeza às sextas-feiras já falhou várias vezes. O programa dos três dólares, que visa incentivar as comunidades a manter limpas as áreas em frente às suas casas, também não tem tido o impacto esperado — o lixo continua a acumular-se nas estradas e à beira-mar.

É particularmente triste ver instituições a utilizar áreas como Dolok Oan e Cristo Rei para corridas de motocross, destruindo as árvores jovens plantadas nesses locais. Isto contradiz os princípios da sustentabilidade ambiental.

Na perspetiva da Juventude Hadomi Natureza, garantir o sucesso das políticas de Economia Azul exige campanhas nacionais contínuas sobre sustentabilidade. Ainda há muitas pessoas que continuam a cortar árvores e a deitar lixo em espaços públicos, o que mostra que a sensibilização ainda não chegou a todos.

O Governo também precisa de reforçar a monitorização das atividades de pesca. Não sabemos até que ponto continuam a ocorrer práticas ilegais no nosso mar, nem se já foram designadas equipas específicas para a fiscalização marítima. Na prática, o que vemos é apenas o trabalho de alguns grupos de jovens envolvidos na conservação da biodiversidade e de alguns guardas florestais.

O Governo deveria alocar fundos permanentes a grupos juvenis e organizações locais, que estão mais próximos das comunidades e conhecem melhor as suas realidades. Estes grupos poderiam liderar muitas das ações, ficando o papel do Governo limitado à monitorização e ao apoio institucional.

Se o Governo tentar fazer tudo sozinho, não conseguirá alcançar resultados sustentáveis. O seu mandato é limitado a cinco anos, e não sabemos se os próximos governos manterão a mesma prioridade para estas questões. Por isso, esperamos que a campanha pela Economia Azul não termine com o fim de um mandato, mas que tenha continuidade a longo prazo.

Entre os dias 28 e 30 de julho, o grupo vai organizar um acampamento nacional sobre a “Escola Ai-Laran” (escolas-floresta) em Aileu. Que tipo de atividades estão previstas? E quais são os objetivos concretos deste encontro?

A “Escola da Floresta” é o nome que damos ao acampamento nacional da Juventude Hadomi Natureza (JHN), que realizamos todos os anos. Chamamo-lo assim porque queremos que os participantes aprendam diretamente com a natureza.

Durante este acampamento, os jovens recebem formação em várias áreas: leitura de mapas, técnicas de sobrevivência na floresta, liderança básica, formação de carácter e práticas de conservação ambiental. Organizamos também seminários com especialistas convidados para dar palestras sobre a importância de proteger o meio ambiente. Os participantes aprendem ainda atividades práticas, como a tirolesa, primeiros socorros, e formação para se tornarem bons guias.

O objetivo é formar jovens mais conscientes, com capacidade para tomar decisões na sua própria vida. Este acampamento é especialmente dirigido a jovens vulneráveis, com pouco acesso à informação, e àqueles que tendem a envolver-se em conflitos. Acreditamos que, através da Escola da Floresta, conseguimos abrir-lhes os horizontes. Mas o encontro está aberto a qualquer jovem que deseje aprender com a JHN.

A nossa meta é acolher 150 participantes, mas temos verificado que esse número costuma ser ultrapassado, o que é muito positivo — mostra que muitos jovens estão a ganhar interesse e paixão pela conservação ambiental.

Muitos jovens que participam chegam ao acampamento sem nunca terem entrado numa floresta ou subido a uma montanha. Têm medo de espíritos, dos donos da terra ou de se perderem. Esses receios fazem com que evitem o contacto direto com a natureza. Foi por isso que criámos esta Escola da Floresta: para ajudar a ultrapassar esses medos. A floresta passa a ser vista como uma biblioteca aberta, onde se pode aprender sem limites.

A mudança é visível. Muitos jovens que começaram connosco em 2016, hoje já participam autonomamente, levam amigos consigo e aventuram-se pelas montanhas com confiança. Transmitimos sempre uma mensagem clara: os seres humanos podem ser egoístas, mas a natureza é ainda mais. Se não a respeitarmos e não cuidarmos dela, ela acabará por nos prejudicar — seja com doenças, desastres naturais ou outras consequências.

A construção de infraestruturas, como estradas em zonas rurais, tem sido apontada como uma das causas da degradação ambiental. Concorda com esta visão? Que medidas tem o grupo tomado para chamar a atenção para os impactos ambientais dessas obras?

A construção de infraestruturas faz parte do desenvolvimento que o Governo deve garantir à população, especialmente nas zonas rurais. Nesse sentido, a Juventude Hadomi Natureza (JHN) apoia, sem dúvida, esse esforço. No entanto, ao observarmos no terreno, constatamos que muitas dessas obras têm impactos ambientais graves, afetando árvores, florestas e nascentes de água.

O que defendemos é que, após a conclusão das obras, o processo de reabilitação das florestas continue de forma consistente, para evitar a degradação e o desmatamento. Não basta abrir estradas — é preciso repor o equilíbrio ambiental das áreas afetadas.

Sabemos que o Governo tem um programa que incentiva a plantação de árvores, mas, na prática, esse programa não tem sido eficaz. Até hoje, não existem dados públicos que indiquem quantas árvores foram realmente plantadas ou que monitorizem o seu crescimento, incluindo durante as campanhas em que participámos.

O Governo deveria apoiar mais os grupos de jovens, como a JHN, para que continuem a plantar mudas nas áreas afetadas pelas obras. Esses jovens conhecem o terreno, estão mais próximos das comunidades e podem ajudar a proteger a natureza de forma contínua. Se não cuidarmos do ambiente e apenas nos concentrarmos em construir, mais tarde seremos nós próprios a sofrer as consequências dessa destruição.

Que dificuldades têm enfrentado no terreno — seja ao nível do apoio institucional, da sensibilização das comunidades ou da proteção dos ecossistemas?

Um dos maiores desafios que a Juventude Hadomi Natureza enfrenta é conseguir estabelecer parcerias com o Governo. Muitas vezes, quando nos dirigimos aos ministérios, a primeira pergunta que nos fazem é se temos alguém “dentro” — alguém que conhecemos no Governo. Isso mostra que, por não termos contactos internos, não conseguimos aceder ao apoio institucional, mesmo apresentando propostas construtivas e querendo contribuir de forma positiva para o país.

O Governo afirma que os jovens são o futuro da nação e agentes de mudança, mas, na prática, os pedidos feitos por jovens raramente têm resposta. Consideramos que este não é apenas um desafio nosso, mas de todos os grupos de juventude voluntária que querem atuar nos municípios, promovendo ações de conservação e preservação ambiental.

Ao nível das comunidades, o principal obstáculo é sensibilizar a população. A mudança de mentalidades exige tempo e esforço contínuo. Não basta uma ação pontual — é preciso manter uma presença constante no terreno para que os resultados comecem a surgir.

Em termos de articulação com outras organizações da sociedade civil ou entidades públicas, como tem sido a vossa experiência? Há espaço para parcerias mais fortes?

Atualmente, a Juventude Hadomi Natureza é parceira permanente do Ministério da Juventude, Desporto, Arte e Cultura, que todos os anos nos apoia com fundos para implementarmos os nossos programas. Esta colaboração tem sido essencial para dar continuidade ao nosso trabalho no terreno.

Já estabelecemos também parcerias com organizações internacionais, como a Mercy Corps, com quem realizámos atividades de limpeza na cidade de Díli.

Neste momento, estamos a reforçar a cooperação com outros grupos juvenis. Não o fazemos com o objetivo de obter financiamento, mas sim para partilhar recursos e trabalhar em conjunto na realização de atividades de sensibilização ambiental junto das comunidades. Acreditamos que, unindo forças, conseguimos ter um impacto maior na consciencialização e mobilização da população para as causas ambientais.

Que mensagem gostaria de deixar aos jovens timorenses sobre a importância de proteger a natureza e envolverem-se nas causas ambientais?

Conservar e proteger a natureza é fundamental para garantir um futuro sustentável para as próximas gerações. Esta responsabilidade não cabe apenas ao Governo — é um dever de todos nós. Como diz um provérbio, não devemos apenas perguntar o que a nação pode fazer por nós, mas também o que podemos fazer pela nossa nação.

Por isso, os jovens, enquanto agentes de transformação, devem refletir profundamente sobre o seu papel. Antes de exigirem os seus direitos, é importante que demonstrem, através das suas ações, o compromisso com a mudança. Só assim poderemos construir, juntos, um país mais justo, equilibrado e em harmonia com a natureza.

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