Festival de Culinária evidencia qualidade e criatividade da gastronomia local

O evento foi aberto ao público e decorreu entre as 15h e as 22h/Foto: Diligente

Evento na Fundação Oriente reuniu profissionais de 19 restaurantes e cafés de Díli, Aileu e Maubisse, que demonstraram a excelência da comida timorense.

Com o intuito de promover e destacar a qualidade da gastronomia local, o restaurante Dilicious e a Asia Foundation (AF) realizaram um Festival de Culinária, no dia 22 de junho, na Fundação Oriente. O evento recebeu visitantes entre as 15h e as 22h e contou com a participação de profissionais de 19 estabelecimentos de Díli, Aileu e Maubisse, que demonstraram a riqueza, a variedade e o sabor da comida timorense.

“Esta atividade já aconteceu em 2017, com o nome Fin Fest ou Finado Festival. Temos de encontrar soluções para diminuir o consumo de produtos importados. O Dilicious começou a servir comida local e não havia muita procura da parte dos clientes, mas olhem agora – temos muitas pessoas interessadas na gastronomia timorense, feita com produtos da nossa terra. Temos o compromisso de fornecer apenas alimentos de Timor-Leste aos nossos clientes”, afirmou o chef César Gaio, proprietário do Dilicious.

Para o profissional, a iniciativa também é uma oportunidade para desfrutar de menus modernos e cativantes. O chef referiu que o festival é uma continuação do programa de educação culinária, que decorreu há dois meses, para os restaurantes e cafés que estiveram agora presentes no evento. “Esta foi uma oportunidade para colocarem em prática o que aprenderam na formação”, explicou.

O evento terá uma nova edição, já em outubro deste ano, no Porto de Díli, com uma produção ainda maior e com mais participantes.

Os visitantes destacaram a importância da iniciativa e o facto de serem raras as atividades que promovem a culinária timorense.

Izo Pereira, famoso músico de Timor-Leste e um dos participantes no festival, ressaltou que o evento evidencia o quanto a gastronomia local é saudável e saborosa e, por isso, deve ser mais valorizada.

“Devemos orgulhosamente promover a comida timorense, para mostrar ao mundo que nos podemos alimentar com os nossos próprios produtos. Já experimentei muitos pratos aqui. De 1 a 10, dou 9 pontos, para que esse ponto que falta seja a motivação para continuarem a evoluir”, partilhou o músico.

Transformação dos produtos locais em menus modernos

O Dilicious foi mais longe na ideia de transformar a comida e mostrou neste festival que se pode retirar aspetos nocivos de alguns alimentos considerados “venenosos”. O feijão selvagem, por exemplo, conhecido por ter propriedades tóxicas, é preparado de modo a perder a toxicidade e a ser incluído em alguns pratos do restaurante.

Para que isso seja possível, é necessário cumprir algumas etapas importantes. O cozinheiro do Dilicous, Pascoal Maria, 25 anos, explica: “Temos de ferver o feijão selvagem cinco vezes, 15 a 20 minutos de cada vez. A água tem de ser sempre renovada. No fim, fritamos com cebola e azeite. Após esse processo, podemos misturar o sal, a pimenta, um pouco de tofu, os vegetais grelhados – abacate, abóbora e tomate – e, para a salada, podemos adicionar espinafre. No fim, decoramos tudo para ficar apresentável”.

Cada porção é vendida por 7 dólares americanos, “porque o processo de transformação é complexo e demorado”, justificou o cozinheiro. O alimento, enfatizou Pascoal Maria, pode substituir o arroz, porque é muito nutritivo. “Para conseguir este tipo de feijão, precisamos de ir ao posto administrativo de Bazartete, no município de Liquiçá e a Lacló, em Manatuto”, detalhou.

A refeição feita com feijão selvagem – “koto moruk”, em tétum. Foto: Diligente.

Além do Dilicious, o restaurante Pro Ema também usou a criatividade para inventar uma receita original de bolo de chuchu. A fórmula foi o resultado da formação realizada há dois meses, pelo Dilicious e pela Asia Foundation. A pasteleira Agostinha Magalhães, 30 anos, falou, por alto, da receita: “Comprámos os chuchus no mercado e depois descascámos, lavámos bem, passámo-los na liquidificadora, misturando ovos e óleo de coco, para ter um cheiro agradável. Posteriormente, misturámos o resto dos ingredientes e levámos ao forno para cozer. No fim, cortámos em fatias triangulares e decorámos com mousse de lima e folhas de hortelã. Vendemos cada fatia por 2 dólares”.

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Bolo de chuchu – “lakeru mutin”, em tétum/Foto Diligente.

Além de apostar na inovação e numa cozinha de excelência, o Pro Ema oferece formações para cozinheiras e futuras chefs de cozinha, desde 2018. Algumas delas estão a trabalhar atualmente em Portugal, França e Austrália. Todos os funcionários do restaurante são alunos em formação.

Além do Dilicious e do Pro Ema, representaram a capital os profissionais dos seguintes estabelecimentos: Café Atsabe, Linivon, Ahi Matan, Agora Food Studio, Uma Saudável, The Corner Store, Skyra, Black Box, e Nu Laloir.

De Aileu, compareceram os chefs dos restaurantes QX, Mukit, Escati, JUTAET e Hor-horo. Já de Maubisse, estiveram presentes os representantes do Ribelo, SARA e Uma Hakmatek.

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