Durante a ocupação indonésia, inúmeras mulheres timorenses foram vítimas de violência sexual, vivendo traumas profundos e o estigma social que ainda hoje as acompanha. Diante deste silêncio, nasceu a associação Pirilampo, criada por sobreviventes que encontraram força umas nas outras para partilhar as suas histórias.
Durante a luta pela autodeterminação de Timor-Leste, inúmeras mulheres foram vítimas de abusos sexuais cometidos por militares indonésios. Algumas foram violadas depois de presenciarem o assassinato dos maridos e filhos; outras foram presas, torturadas e violadas repetidamente nas celas, chegando mesmo a dar à luz dentro das prisões.
Décadas depois, as marcas da guerra permanecem visíveis. Muitas dessas sobreviventes vivem hoje isoladas em zonas rurais, sem apoio económico ou psicológico, dependentes da agricultura de subsistência. Carregam doenças, traumas e, sobretudo, o peso do estigma social. São frequentemente insultadas como “prostitutas”, enquanto os filhos nascidos das violações continuam a ser discriminados como “filhos da selva” ou “filhos das milícias”.
Foi através do trabalho de advocacia da Asia Justice and Rights (AJAR) e da Associação Chega Ba Ita (ACbit) que essas mulheres começaram a ser identificadas e a reunir-se. Nos encontros, descobriram que não estavam sozinhas — e, desse reconhecimento mútuo, nasceu a coragem de partilhar as suas histórias.
Desses laços de confiança surgiu a Pirilampo, nome que significa o pequeno inseto que brilha na escuridão. O símbolo reflete a luz e a resistência das mulheres sobreviventes que, apesar da dor, continuam a lutar por dignidade e justiça.
Na entrevista com Maria Isabel da Silva, presidente da Pirilampo, fica clara a missão do grupo: lutar pela reparação e pelo reconhecimento das vítimas de violência sexual. A associação exige que o Parlamento Nacional aprove uma Lei de Reparação específica, que reconheça oficialmente as sobreviventes, combata o estigma e garanta a sua plena reintegração social.
“Escolhemos este nome porque pirilampo é um pequeno inseto que brilha no escuro, especialmente à noite. Ele simboliza uma luz que resiste na escuridão — a luz das mulheres sobreviventes que, apesar de tudo o que sofreram, continuam a brilhar e a resistir”
Pode explicar como surgiu a Pirilampo e quais são os seus principais objetivos?
Esta organização surgiu porque, no início, nós, enquanto sobreviventes, não tínhamos voz. Organizámo-nos primeiro na Associação das Vítimas, e algumas de nós — que fomos prisioneiras políticas durante a ocupação — também fazíamos parte da Associação dos Ex-Prisioneiros Políticos de Timor-Leste (ASSESPOL). No entanto, ao observarmos as atividades dessas associações, percebemos que a prioridade era quase sempre dada aos homens. Eles não pensavam que nós, mulheres, também tínhamos vivido experiências dolorosas.
Durante a luta pela autodeterminação, muitas mulheres sofreram violência sexual. Os militares indonésios cometeram abusos forçados contra elas e, em muitos casos, mataram os maridos e os filhos logo depois. Outras foram presas, torturadas e interrogadas, sendo novamente violadas dentro das prisões. Algumas engravidaram e chegaram a dar à luz em cativeiro. Houve inúmeros casos de sofrimento e violência contra as mulheres em várias partes do país.
Muitas de nós éramos ainda menores de idade. Eu, por exemplo, fui vítima de violência sexual quando tinha apenas 14 anos. Naquele tempo, o meu pai e os meus irmãos fugiram para o mato, e eu fiquei em casa com a minha mãe e três irmãs. Depois, os soldados entraram à força. Como não falávamos bem a língua deles, agarraram-me e obrigaram-me a fazer o que queriam, enquanto outros esperavam do lado de fora.
Até hoje, muitas sobreviventes vivem isoladas, sobretudo nas zonas rurais. Não têm voz, não sabem a quem recorrer nem como falar sobre o que viveram. Elas e os seus filhos continuam a sofrer discriminação dentro das famílias e nas comunidades. São insultadas com palavras ofensivas como “feto nona”, “prostitutas” ou “mulheres da selva”, e os filhos nascidos das violações são chamados “filhos da selva”, “filhos das milícias” ou “filhos do inimigo”. Essa discriminação causa profundo sofrimento às mulheres e às suas famílias.
A maioria destas mulheres vive da agricultura de subsistência, dependendo do que conseguem cultivar. Não têm dinheiro, nem emprego, nem qualquer tipo de assistência. Carregam os seus produtos locais para vender no mercado, caminhando longas distâncias, a subir e descer montanhas e a atravessar rios. Muitas já são idosas, sofrem de problemas psicológicos devido às memórias do passado e de doenças físicas, como AVC ou problemas ginecológicos, mas não recebem apoio médico.
Algumas viveram uma dor ainda maior: durante o conflito, os maridos fugiram para o mato, deixando-as nas aldeias. Quando os militares indonésios chegaram, elas foram presas, torturadas e violadas apenas por causa da fuga dos maridos. Depois da independência, esses homens regressaram como veteranos e casaram-se novamente com outras mulheres, deixando as sobreviventes sozinhas, obrigadas a cuidar da casa e a sustentar a família. O sofrimento delas foi, assim, duplo.
Através do trabalho de advocacia da ACbit e da AJAR, começámos a identificar e reunir as sobreviventes, oferecendo-lhes formações que lhes deram coragem para contar as suas histórias e aliviar o peso que carregavam. Durante esses encontros, as mulheres descobriram força umas nas outras, perceberam que não estavam sozinhas e começaram a apoiar-se mutuamente.
Diante de toda esta realidade — tanto do passado como do presente — decidimos unir-nos e criar a organização Pirilampo. Escolhemos este nome porque pirilampo é um pequeno inseto que brilha no escuro, especialmente à noite. Ele simboliza uma luz que resiste na escuridão — a luz das mulheres sobreviventes que, apesar de tudo o que sofreram, continuam a brilhar e a resistir.
O nosso objetivo é pedir ao Estado e ao Governo que ouçam e reconheçam as vítimas. Timor-Leste ratificou convenções internacionais de direitos humanos, e as mulheres também têm direito à dignidade e ao reconhecimento.
Como foi o processo de reunir as mulheres sobreviventes de violência sexual, num contexto em que este crime foi tantas vezes ignorado ou silenciado?
Através dos programas de defesa e reconhecimento das vítimas da AJAR e da ACbit, começámos o processo de identificação das sobreviventes em todos os municípios. No início foi muito difícil, porque, segundo a nossa cultura, é vergonhoso e doloroso falar sobre temas como a violação sexual ou revelar publicamente o que aconteceu. É um assunto muito sensível, por isso recebemos formação sobre como abordar as mulheres sobreviventes de forma cuidadosa e respeitosa.
Começámos por ouvir as histórias de cada mulher e, a partir dessas conversas, fomos identificando outras sobreviventes que ainda não tinham sido reconhecidas. Criámos entre nós um pacto de confiança: tudo o que fosse partilhado permaneceria apenas dentro do grupo. Esse compromisso deu segurança às mulheres para se abrirem e contarem as suas histórias, ganhando coragem para continuar e levar as suas vozes até ao Estado.
Conseguimos chegar a todos os municípios, incluindo Ataúro, especialmente para localizar as mulheres que, no passado, tinham sido desterradas para lá. Muitas delas são agora idosas; algumas já faleceram e outras continuam doentes, a sofrer devido ao stress e às memórias dolorosas.
Desde a criação da Pirilampo, já registámos 455 mulheres sobreviventes de violência sexual, das quais 87 são filhos e filhas nascidos das violações. Entre estes casos, identificámos também alguns homens — através do programa Bukae — que relataram ter sido capturados e forçados a manter relações durante a invasão militar indonésia. No entanto, a maioria dos homens ainda não está pronta para falar, permanecendo em silêncio.
“Continuamos a exigir que o Governo aprove uma lei de reparação, porque sem essa lei não temos força suficiente para fazer ouvir a nossa voz. Sem uma legislação de reparação, a sociedade continuará a não reconhecer nem a valorizar a nossa existência”
Que tipo de apoio a organização oferece às sobreviventes para promover o reconhecimento e a reparação?
No âmbito do programa Bukae, formámos grupos dinamizadores e pontos focais para identificar mulheres sobreviventes que estão doentes e aproximá-las dos serviços de tratamento e apoio. Não trabalhamos sozinhas: atuamos em parceria com organizações locais como a Pradet, a SABEH e a Rede Feto, entre outras.
Também realizamos exposições e feiras onde as sobreviventes podem vender os seus produtos locais — uma atividade que ajuda a melhorar a sua situação económica e a fortalecer a autoestima.
O programa Bukae é uma ajuda provisória, criada para aliviar as dificuldades das mulheres sobreviventes, especialmente daquelas que não têm casa e vivem dependentes das famílias. Depois de identificarmos as suas necessidades, algumas pedem apoio para reconstruir as suas casas, abrir pequenos negócios, criar animais ou costurar roupas. Ajudamos conforme as suas prioridades e as nossas capacidades, com o objetivo de promover o desenvolvimento e a autonomia dessas mulheres.
Além disso, continuamos a exigir que o Governo aprove uma lei de reparação, porque sem essa lei não temos força suficiente para fazer ouvir a nossa voz. Sem uma legislação de reparação, a sociedade continuará a não reconhecer nem a valorizar a nossa existência.
No passado, o projeto de lei de reparação chegou a ser apresentado no Parlamento Nacional, mas acabou arquivado. Mesmo assim, não desistimos. Através da Pirilampo, realizamos atividades para assinalar datas históricas, relembrando as mulheres sobreviventes de violência sexual. Nesses eventos, convidamos membros do Parlamento para ouvirem as nossas vozes — mas, infelizmente, apenas alguns comparecem.
Também apresentámos as nossas reivindicações ao Grupo Parlamentar das Mulheres, que ficou emocionado e orgulhoso ao ouvir as nossas histórias, reconhecendo a coragem necessária para falar publicamente sobre experiências tão dolorosas. Eu costumo dizer: nós não somos más pessoas — foi a guerra que nos fez sofrer.
Por isso, queremos dizer aos senhores líderes que não se esqueçam de nós, porque também somos cidadãs deste país, mulheres que lutaram para que Timor-Leste fosse livre. Nós também votámos em vocês — por isso, pedimos que olhem para nós e nos reconheçam.
“Não pedimos dinheiro ao Estado, porque sabemos que nada pode compensar o que perdemos. O nosso corpo vale mais do que qualquer dinheiro. Não pedimos compensação financeira, mas pedimos que o Estado nos devolva a dignidade, que repare o que foi destruído em nós e nos permita sentirmo-nos inteiras novamente”
Quais são ainda os principais desafios para garantir reparações concretas e respeito pelas mulheres sobreviventes?
Nos encontros anteriores com o Centro Nacional Chega, disseram-nos que já não se deve usar o termo “vítimas”, afirmando que somos todas “patriotas”. Isso deixou-nos em dúvida, e eu própria levantei essa questão durante uma reunião. Patriotas são aqueles que lutaram nos campos de batalha, com armas nas mãos. Mas e nós, que ficámos nas aldeias e, de repente, fomos capturadas, levadas à força e violadas? Algumas de nós foram mantidas como escravas sexuais dos militares.
Essa experiência fez-nos sentir menos do que humanas, como se tivéssemos perdido toda a nossa dignidade. Eles vieram com armas, e nós não tivemos como nos defender. Perdemos o nosso corpo e a nossa dignidade.
Não pedimos dinheiro ao Estado, porque sabemos que nada pode compensar o que perdemos. O nosso corpo vale mais do que qualquer dinheiro. Não pedimos compensação financeira, mas pedimos que o Estado nos devolva a dignidade, que repare o que foi destruído em nós e nos permita sentirmo-nos inteiras novamente.
Os homens que hoje são legisladores muitas vezes esquecem as mulheres. Mas não podemos esquecer que esta nação nasceu também do sacrifício das mulheres e dos homens, juntos, para que Timor-Leste se tornasse um país soberano.
A guerra começou com o sofrimento das mulheres. Os atuais governantes nasceram do ventre de uma mulher — uma mãe que pode ser pobre e simples, mas foi ela quem deu à luz o filho que agora exerce o poder. Por isso, antes de governar, é preciso lembrar e respeitar as mães.
Sentimos uma profunda tristeza quando vemos, na televisão, o Governo timorense enviar grandes quantias de dinheiro para ajudar e aliviar o sofrimento de pessoas noutros países, enquanto aqui, dentro do país, há tanta gente a passar fome e a viver em dificuldades. O Governo precisa de olhar primeiro para o seu próprio povo.
“Hoje, já não podemos permanecer em silêncio. Não falamos para acusar nem para alimentar o ódio, mas para reivindicar o nosso direito de viver com dignidade, como qualquer outro cidadão”
Sente que a sociedade timorense atualmente ouve e respeita mais as histórias das sobreviventes?
Nas atividades que realizamos, temos recebido apoio das autoridades locais. Recentemente, na celebração do aniversário da Pirilampo, estiveram presentes chefes de suco de Baucau e Ainaro, que nos acompanharam e deram espaço para que as histórias das mulheres sobreviventes fossem ouvidas. Como filhos deste país, eles sentem-se muito tristes ao escutar as situações pelas quais passámos, mas compreendem que tudo isso já aconteceu.
Agora, o mais importante é que as autoridades locais e a população trabalhem juntas com as sobreviventes, apoiando-se mutuamente e ganhando coragem para ultrapassar as dificuldades.
Apesar de algumas autoridades demonstrarem respeito e escuta, ainda existem pessoas que continuam a estigmatizar e a discriminar as mulheres que sofreram violência. No entanto, começámos a falar abertamente, e cada vez mais pessoas começam a compreender e a encorajar-nos. Algumas mulheres sobreviventes, que antes não estavam identificadas, ao conhecerem a Pirilampo, procuraram-nos e aproximaram-se da organização para participar.
Hoje, já não podemos permanecer em silêncio. Não falamos para acusar nem para alimentar o ódio, mas para reivindicar o nosso direito de viver com dignidade, como qualquer outro cidadão.
Durante a guerra, oferecemos os nossos corpos, ficámos sem voz e sem força, aceitando tudo o que nos aconteceu. Agora, não pedimos muito ao Estado — apenas que olhe com atenção para as mulheres sobreviventes, porque muitas ainda vivem em situações de grande vulnerabilidade.
“Apesar desses esforços, o reconhecimento do Estado em relação às mulheres sobreviventes de violência sexual do passado continua insuficiente. Isso entristece-nos profundamente, sobretudo porque vemos, nos meios de comunicação, o Presidente da República a reconhecer e homenagear pessoas vindas do exterior, enquanto nós, as sobreviventes, somos esquecidas e ignoradas pelo Chefe de Estado”
Existe reconhecimento suficiente, por parte do Governo de Timor-Leste, do sofrimento das sobreviventes de violência sexual?
Através do trabalho realizado pela Comissão de Acolhimento, Verdade e Reconciliação (CAVR) e, mais tarde, com a criação do Centro Nacional Chega! (CNC), houve algum reconhecimento — mas de forma geral, abrangendo todas as vítimas, sem um foco específico nas mulheres sobreviventes de violência sexual. Foi precisamente por isso que criámos a nossa própria organização, para que as nossas vozes fossem ouvidas em conjunto e de forma clara.
No âmbito do programa Uma Memória, do CNC, uma das nossas companheiras conseguiu uma casa. Continuamos a trabalhar em parceria com o CNC para acompanhar estas questões e apoiar outras mulheres. O Centro também concedeu fundos a algumas sobreviventes que quiseram abrir pequenos negócios ou dedicar-se à tecelagem. Parte do dinheiro obtido com essas atividades foi guardada como um pequeno fundo rotativo, permitindo emprestar a outras mulheres. Com os lucros, elas compram materiais, continuam a produzir e voltam a emprestar, fortalecendo a entreajuda entre nós.
Apesar desses esforços, o reconhecimento do Estado em relação às mulheres sobreviventes de violência sexual do passado continua insuficiente. Isso entristece-nos profundamente, sobretudo porque vemos, nos meios de comunicação, o Presidente da República a reconhecer e homenagear pessoas vindas do exterior, enquanto nós, as sobreviventes, somos esquecidas e ignoradas pelo Chefe de Estado.
Que tipo de reconhecimento ou apoio esperam do Estado e da sociedade timorense para garantir a dignidade das vítimas?
O que pedimos é reparação. Recentemente, o Centro Nacional Chega! realizou uma consulta connosco, pedindo a nossa opinião sobre o tema da reparação. Solicitámos que fosse criado um artigo específico na futura Lei de Reparação, com o objetivo de eliminar o estigma e a discriminação que ainda pesam sobre nós.
Queremos que o Estado reintegre as sobreviventes na sociedade, para que possamos viver plenamente, como cidadãs com direitos iguais, gozando da nossa liberdade e dignidade.
Também exigimos que termine o estigma e a discriminação contra as crianças nascidas de violações sexuais. Muitas dessas crianças são alvo de insultos, sendo chamadas de “filhos de milícia” ou “filhos de prostitutas”. Isso afeta profundamente a sua saúde psicológica e autoestima.
Essas crianças cresceram sem conhecer o pai e, muitas vezes, perguntam às mães quem ele é — mas as mães também não sabem, porque as violações foram cometidas por militares indonésios durante o conflito armado.
Há iniciativas governamentais ou internacionais que apoiem esta causa?
O Centro Nacional Chega! tem sido um parceiro importante, trabalhando connosco e fornecendo apoio financeiro e material às mulheres sobreviventes. Também recebemos formação da ACbit, voltada para o empoderamento económico das mulheres sobreviventes. Além disso, a AJAR apoia-nos com formações participativas, que fortalecem as nossas capacidades e nos encorajam a falar em público.
“A conquista principal da nossa existência é que cada vez mais sobreviventes ganham coragem para falar”
Quais foram as principais conquistas da Pirilampo até agora?
A nossa maior conquista é termos conseguido reunir mulheres sobreviventes para que percebam que não estão sozinhas. Elas falam das suas histórias, sentem alívio, e isso ajuda a curar as suas feridas internas. Com isso, perceberam que existem pessoas dispostas a ouvi-las e a dar-lhes atenção.
Alguns dos nossos membros começaram a criar pequenos grupos comunitários, onde cultivam plantas, produzem e tecem tais (tecidos tradicionais) em conjunto — o que reforça o sentido de solidariedade e independência económica.
A conquista principal da nossa existência é que cada vez mais sobreviventes ganham coragem para falar. Ainda há algumas que têm medo e se mantêm em silêncio, especialmente aquelas que voltaram a casar, temendo que as suas histórias prejudiquem a relação familiar.
Não queremos que isso aconteça. Por isso, esperamos o momento certo, quando elas estiverem prontas, para as apoiar da melhor forma possível.
De que forma a Pirilampo trabalha para a prevenção da violência sexual e a sensibilização da sociedade?
Lamentamos profundamente os abusos que continuam a acontecer hoje contra as mulheres.
A Pirilampo acompanha de perto essas situações e levanta constantemente a sua voz para alertar e prevenir novos casos de violência sexual.
Para nós, chegou o momento de as mulheres poderem viver em liberdade, realizar as suas atividades e continuar os seus estudos sem medo. Apelamos a toda a sociedade para que respeite as mulheres, porque o corpo da mulher é sagrado e de grande valor.
Quais são os planos da Pirilampo para o futuro?
A Pirilampo ainda não consegue trabalhar sozinha. Continuamos a precisar do apoio da ACbit e da AJAR para fortalecer as capacidades das mulheres sobreviventes, ajudando-as a viver de forma independente.
Pretendemos continuar a trabalhar com mais força, defendendo os nossos direitos e a nossa dignidade, como cidadãs de um país livre e soberano.
Que mensagem gostaria de deixar à sociedade timorense?
Quando uma pessoa se torna vítima de violência sexual, isso não acontece porque ela quis, mas sim por causa da situação política que o país viveu. Agora que vivemos num país em paz e livre, devemos unir-nos para dar apoio moral uns aos outros, aconselhar-nos mutuamente e não deixar que as vítimas dos conflitos passados percam a esperança.
Pedimos à sociedade que acabe com o estigma e a discriminação contra as mulheres sobreviventes, pois isso continua a ferir profundamente o coração das vítimas.


