DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE

Desafios ambientais de Timor-Leste

Hoje celebra-se o Dia Mundial do Meio Ambiente, instituído em 1972 pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o objetivo de alertar para os problemas ambientais e para a importância da preservação dos recursos naturais do planeta. Em Timor-Leste, os problemas ambientais são um desafio diário com um longo caminho para percorrer. A falta de consciência ambiental está à vista de todos quantos, ao mesmo tempo que se cruzam com as paisagens idílicas de um país tropical, tropeçam em ruas repletas de lixo.

A forma como o ser humano habita o planeta tem provocado uma degradação contínua do meio ambiente. Entre os problemas mais graves estão as emissões de gases de efeito de estufa para a atmosfera, que provocam problemas como o aquecimento global, nomeadamente a queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás natural) para energia, transporte e indústria, a produção excessiva de resíduos, a exploração de recursos naturais (como água, minerais, madeira e combustíveis fósseis), a desflorestação ou a criação de gado que causa danos ambientais em grande escala.

A poluição do ar é uma questão preocupante nas áreas urbanas de Timor-Leste. A queima de combustíveis fósseis e a emissão de gases tóxicos provenientes de veículos e indústrias contribuem para a má qualidade do ar, o que representa riscos, tanto para a saúde humana como para o ecossistema.

A poluição da água também apresenta desafios significativos, com descargas de esgotos não tratados, produtos químicos e resíduos industriais.

O ambiente, sistema que acolhe todos os seres vivos e não vivos, “influencia a qualidade de vida de todos que dele fazem parte. Um ambiente sustentável beneficia todos os seres vivos que o habitam”. A afirmação é de Gilberto Soares, ambientalista timorense, que, em declarações ao Diligente, se mostrou preocupado com a falta de consciência ambiental da população timorense e realçou “os impactos negativos que o sistema inadequado de gestão de lixo em Timor-Leste gera à comunidade, com consequências graves para a saúde das pessoas”.

Lixo: “a ponta do iceberg

Alguns jovens entrevistados pelo Diligente apontam, unanimemente, para o lixo como o problema com maior prevalência em Timor-Leste no que diz respeito às questões ambientais.

A falta de infraestruturas adequadas para a gestão de resíduos e a falta de consciência para a preservação da saúde do meio ambiente, resulta em amontoados de lixo por todas as zonas da cidade, inclusivamente nos locais mais turísticas.

Ildefonso da Cruz, 18 anos, estudante de Contabilidade na Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL), em Díli, observou que “há lixo por todo o lado, mesmo nos locais onde há caixotes do lixo as pessoas preferem deitar tudo para o chão”.

Margarida Mendonça, 24 anos, finalista da UNTL, alerta para a necessidade de “promover uma maior consciência dos cidadãos para que estes deixem de deitar lixo em qualquer lado e contribuam, assim, para um ambiente mais limpo”.

Por sua vez, o estudante de Desenvolvimento Comunitário da mesma universidade, Cornélio Soares, 23 anos, partilha da mesma opinião ao realçar que “o ser humano tem um papel muito importante na preservação do ambiente que o rodeia e a responsabilidade de mantê-lo limpo”. Lamenta o aquecimento global causado pela desflorestação e defende que “devemos plantar mais árvores em vez de destruí-las”.

Também Dina Ermelinda, 33 anos, vendedora ambulante, lamenta “o lixo espalhado em todo o lado que, ainda por cima, causa inundações sempre que chove muito”.

O que podemos fazer

Redução, reutilização e reciclagem de resíduos são três palavras-chave para impedir o aumento da degradação ambiental. Reduzir o consumo, comprando apenas o que é necessário, reutilizar tudo o que possa ter ainda “vida útil” e reciclar, convertendo o desperdício em produtos com utilidade.

Também nesse sentido, Timor-Leste aprovou o decreto-lei 37/2020 com vista a regular a utilização de plásticos, que proíbe “introduzir no consumo o qualquer embalagem ou objeto de plástico de uso único não reciclável”.

Gilberto Soares sugere que as pessoas “aprendam a mudar o seu estilo de vida e vivam numa maior comunhão com a natureza”. Reduzir os bens de uso único, como sacos de plástico ou de papel, água engarrafada, optar pelas bicicletas em vez de motas e carros (para reduzir a utilização de combustível), não usar lenços de papel ou diminuir a utilização de ar condicionado são algumas das sugestões deixadas pelo ambientalista em prol de um ambiente mais saudável.

As energias renováveis representam um papel fundamental na preservação do meio ambiente. No entanto, falar em transição para energias renováveis, num país como Timor-Leste, é falar de um cenário ainda muito longe do alcance do país e daqueles que o habitam, ainda que a exposição solar do país promova todas as condições para uma aposta ganha na utilização, nomeadamente de painéis solares. O mesmo não se pode dizer de outras energias renováveis, como a eólica e hidráulica, que terão menos possibilidades de serem implementadas com sucesso devido à fraca presença de vento e de rios.

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